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Medidas protetivas para vítimas de violência doméstica: o que são e como funcionam

A violência doméstica é um problema grave que atinge milhares de pessoas todos os anos no Brasil, principalmente mulheres. Para proteger quem sofre esse tipo de agressão, a legislação brasileira prevê as chamadas medidas protetivas de urgência. Esse instrumento jurídico é um dos principais mecanismos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) para garantir segurança, integridade física, emocional e psicológica às vítimas.

Se você quer entender o que são medidas protetivas, como solicitar, quanto tempo duram e quais são os efeitos, este artigo foi feito para responder, de forma clara e ética, às dúvidas mais comuns sobre o tema.


O que são medidas protetivas?

Medidas protetivas são ordens judiciais destinadas a proteger a vítima de violência doméstica e familiar, evitando que novas agressões aconteçam. Elas podem ser solicitadas com urgência, inclusive sem que o agressor seja ouvido previamente, quando há risco imediato à integridade da vítima.

As medidas podem proibir o agressor de se aproximar, entrar em contato ou frequentar determinados locais, além de determinar o seu afastamento do lar, entre outras ações previstas na lei.


Quando as medidas protetivas podem ser aplicadas?

As medidas protetivas são aplicáveis em qualquer situação de violência doméstica e familiar, seja ela:

  • Física (agressões, empurrões, socos, etc.);

  • Psicológica (ameaças, humilhações, manipulação emocional);

  • Moral (calúnia, difamação, injúria);

  • Sexual (forçar relações sem consentimento, mesmo dentro de um relacionamento);

  • Patrimonial (destruição ou retenção de objetos, dinheiro ou documentos).

Elas não dependem da existência de lesões visíveis e podem ser solicitadas mesmo sem testemunhas, desde que haja indícios de risco à vítima.


Quais são as medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha?

A Lei Maria da Penha prevê diferentes tipos de medidas protetivas, que podem ser direcionadas ao agressor ou em favor da vítima, conforme a gravidade da situação.

🛑 Medidas contra o agressor:

  • Afastamento do lar ou local de convivência com a vítima;

  • Proibição de contato com a vítima, familiares e testemunhas;

  • Proibição de se aproximar da vítima (com distância mínima estipulada pelo juiz);

  • Suspensão da posse ou restrição do porte de armas;

  • Restrição ou suspensão de visitas a filhos menores (em casos de violência contra a mulher ou crianças).

✅ Medidas em favor da vítima:

  • Encaminhamento para atendimento psicológico e social;

  • Garantia de proteção policial, se necessário;

  • Acompanhamento por profissional da rede de apoio;

  • Retirada de pertences pessoais do domicílio (com apoio policial);

  • Encaminhamento da vítima e seus dependentes para abrigo seguro.


Como pedir uma medida protetiva?

O pedido de medida protetiva pode ser feito de forma simples e rápida.

Passo a passo:

  1. Vá até uma Delegacia da Mulher (ou delegacia comum, se não houver uma especializada);

  2. Registre o Boletim de Ocorrência relatando os fatos;

  3. Solicite expressamente ao delegado a concessão de medidas protetivas de urgência;

  4. A autoridade policial deve encaminhar o pedido ao juiz no prazo de até 48 horas;

  5. O juiz analisará o pedido e poderá conceder a medida imediatamente, inclusive antes de ouvir o agressor.


Quanto tempo dura uma medida protetiva?

A lei não estabelece um prazo fixo de duração das medidas protetivas. Elas permanecem válidas enquanto persistir a situação de risco, a critério do juiz responsável pelo caso.

O magistrado pode prorrogar, revogar ou modificar as medidas a qualquer momento, dependendo do andamento do processo e da situação da vítima.


O agressor pode ser preso se descumprir a medida?

Sim. O descumprimento de medida protetiva é crime, conforme o artigo 24-A da Lei Maria da Penha, e pode resultar em:

  • Prisão em flagrante;

  • Pena de 3 meses a 2 anos de detenção;

  • Agravamento da situação penal do agressor em eventual processo.

Por isso, é fundamental que a vítima denuncie imediatamente qualquer violação das medidas concedidas.


Medida protetiva é segredo de justiça?

Sim. Em regra, processos que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher correm em segredo de justiça, o que significa que apenas as partes e seus representantes legais têm acesso às informações do processo, garantindo a privacidade e segurança da vítima.


Perguntas frequentes sobre medidas protetivas

Posso pedir medida protetiva mesmo sem boletim de ocorrência?

O ideal é que o boletim de ocorrência seja feito, mas o pedido pode ser apresentado diretamente ao juiz, por meio do Ministério Público ou de um advogado.

A medida protetiva vale em todo o Brasil?

Sim. A decisão judicial que concede medida protetiva tem validade nacional e deve ser respeitada em qualquer local do território brasileiro.

Homens também podem pedir medida protetiva?

Sim, embora a Lei Maria da Penha seja voltada à proteção da mulher, outras leis permitem a solicitação de medidas protetivas por qualquer pessoa em situação de violência doméstica, independentemente de gênero.

É necessário ter testemunhas?

Não. A palavra da vítima, quando coerente e respaldada por outros indícios, é considerada prova suficiente para justificar a concessão de medida protetiva.


O que fazer se a medida protetiva for desrespeitada?

Se o agressor descumprir qualquer determinação judicial (como se aproximar ou entrar em contato), a vítima deve:

  • Ligar para o 190 imediatamente;

  • Informar o ocorrido à delegacia que acompanha o caso;

  • Reunir provas do descumprimento (prints, mensagens, fotos, gravações).

A autoridade policial pode prender o agressor em flagrante, e o juiz pode agravar as medidas anteriormente impostas.


Conclusão: medidas protetivas salvam vidas

As medidas protetivas de urgência são uma ferramenta essencial para proteger vítimas de violência doméstica e evitar a repetição de agressões. São rápidas, acessíveis e garantem suporte legal e emocional em um momento de extrema vulnerabilidade.

Se você ou alguém próximo vive uma situação de violência, saiba que existem instrumentos legais eficazes para proteger a vida, a dignidade e a liberdade.

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